Por Andréia Calçada
Como uma das autoras do livro "Falsas Acusações de Abuso sexual - O Outro Lado da História", me surpreendo a cada vez que alguém envolvido neste tipo de disputa me procura. Seja para ler o livro, seja para solicitar um parecer, uma perícia ou somente para desabafar. Três anos após o lançamento do livro tenho material de sobra para uma segunda edição ampliada. Muitas pessoas me procuram, em sua maioria homens, desorientados e estupefatos pela acusação em questão. Na maioria acusações ocorridas em meio a um divórcio, ou a disputa quanto horários para visitação, ou ainda quando este homem se casa novamente ou apenas começa a namorar. Um banho com a criança, um remédio a ser passado na região genital, ou ainda um beijo na barriga se tornam o mais hediondo dos pecados...abuso sexual infantil. Estas crianças pequenas e dependentes confirmam e acabam acreditando realmente que foram abusadas.
A quem cabe então diferenciar o acontecimento do real abuso sexual, de uma falsa acusação? Cabe a nós profissionais da área de saúde, médicos, psicólogos, assistentes sociais, advogados, policiais, delegados, etc...A forma de abordar esta criança fará toda a diferença com relação seu futuro emocional.
O assunto Abuso sexual é algo tão repugnante, que profissionais mal formados embarcam na acusação sem fazer a avaliação adequada. Este mês, recebi em meu consultório uma criança encaminhada responsavelmente por uma advogada para que eu a avaliasse antes que a acusação feita por ela tomasse proporções maiores. A mãe, pessoa coerente, me procurou apavorada com o relato do menino, que dizia ter sido abusado pela madrasta. Todos os termos de uma relação sexual, eram utilizados. Ao avaliar a criança, investiguei e fiz o inquérito de forma não diretiva, buscando sua memória. Desta forma o relato se desconstruiu. Ele desmentiu seus relatos. Inventou a história para que sua babá reproduzisse as "cenas'com ele. Curiosidades e fantasias infantis. Poupamos desta forma uma criança e uma família de um sofrimento com enormes proporções: pais sem ver os filhos por anos, perdendo o pátrio-poder, a criança acreditando ter sido abusada sexualmente,...
Portanto, chamo os profissionais à reflexão acerca de suas condutas principalmente quanto à avaliação deste tipo de caso. Um genitor desesperado pelo fato de seu filho ter sido abusado, pode significar realmente um abuso sexual, mas muitas vezes, pode ocultar uma falta de caráter, um distúrbio mental, ou apenas um mero engano. Nossa responsabilidade é crucial!
Andréia Calçada - CRP-05/18785
andreiacalca@intermidia.net
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